Há exatos 30 anos, durante o governo do então presidente Itamar Franco, entrava em circulação o real, substituindo o cruzeiro real e prometendo combater a hiperinflação que assolava o Brasil. No período mais crítico, o Brasil chegou a registrar uma inflação de 82% ao mês, em março de 1990, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O cenário era de instabilidade e destruição do poder de compra da população. Era frequente famílias fazendo estoque de produtos em casa e funcionários trocando os preços nas gôndolas de supermercados.
Em oito anos, o país teve quatro moedas, o cruzeiro (Cr$), cruzado (Cz$), cruzado novo (NCz$) e cruzeiro real (CR$). O real chegava para tentar estabilizar o cenário, depois de uma sucessão de planos que não deram certo, por isso foi visto com descrédito pela imprensa. Os Planos Cruzados 1 e 2 em 1986, já tinham fracassado nos resultados; assim como o Plano Bresser no ano seguinte; depois o Plano Verão em 1989; e finalmente os planos Collor 1 e 2 em 1990 e 1991, que incluíam respectivamente o confisco das poupanças e o congelamento de preços e salários.
O Plano Real começou a ser gestado no segundo semestre de 1993, pelas as equipes da Fazenda (comandada por Fernando Henrique Cardoso), do Banco Central e Casa da Moeda do Brasil (CMB). FHC chegou a dar várias entrevistas explicando o plano e como a população seria beneficiada. Mas antes do lançamento do real, FHC deixou a pasta para se candidatar à Presidência da República, e coube ao seu sucessor no ministério, o historiador e diplomata Rubens Ricupero, comandar a transição.
“Foi uma moeda que também transformou o Brasil. Antes disso, o Brasil tinha tido uma inflação crônica que quase desencadeou uma hiperinflação”, afirmou Ricupero em entrevista à Rádio Metropole. “Era uma inflação acelerada durante mais de 16 anos. Não havia mais moeda, as pessoas já não lembravam mais da estabilidade de preço”, emendou.
Consolidação do real
Entre junho de 1994 e maio de 2023, a inflação brasileira acumulou uma alta de 708%. Na prática, isso significa que se comprava com R$ 1 naquela época equivale a atuais R$ 8,08, R$ 10 era R$ 80,80. Apesar da expressiva inflação acumulada nessas três décadas, o plano ajudou a resolver o caos inflacionário. Desde 1995, a inflação encerrou o ano acima de dois dígitos apenas em quatro situações: em 1995 (22,41%), 2002 (12,53%), 2015 (10,67%) e 2021 (10,06%). No ano passado, o índice ficou em 4,62%. A consolidação do Plano Real trouxe uma relativa estabilidade para a economia brasileira e derrubou a drástica variação de preços.
Por: Metro1.
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